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quarta-feira, 8 de outubro de 2008

"O pudor inventou a roupa para que se tenha mais prazer com a nudez"

Para começar vou repetir o que está escrito no post Funções da Moda, "o conceito de pudor muda de uma cultura para outra, de uma época para outra, de um modo que um mesmo traje de banho pode ser considerado conservador numa comunidade e acintoso em outra", ou seja, ele é um sentimento que varia de acordo com a casa sociedade em que é analisado e até de pessoa para pessoa. O pudor é um assunto bem controverso, que pode gerar muita discussão.

O pudor é um sentimento um tanto quanto complexo, difícil de definir, ele incide sobre diferentes objetos, mas o mais comum é o relacionado a nudez. A sua origem é antiga, mas o pudor teve em cada época um aspecto diferente. As duas definições mais comuns e significativas do conceito de pudor: “sentimento de vergonha, de incomodo que se tem ao fazer, enfrentar ou ser testemunha das coisas de natureza sexual; disposição permanente para esse sentimento” e “incomodo que se sente perante aquilo que a dignidade de uma pessoa parece proibir”, elas foram resumidas por Jean-Claude Bologne, filólogo francês, no livro História do Pudor (Teorema).
O dicionário distingue-lhe, também, dois sentidos, apresentando-nos um pudor corporal, sexual, e outro dos sentimentos. Martin Seligman, investigador da área da psicologia positiva, define-o como uma das 24 forças (de carácter) presentes nas seis virtudes humanas.
No passado o pudor já foi lei, havia e devia haver um véu de mistério, uma zona invisível e sensível que era escondida em todas as formas de interação, tanto as publicas como as privadas e até mesmo as íntimas. O pudor era uma atitude de contenção na dádiva e na aceitação, era um ritual completo de minúcias e detalhes, que se destinava a acentuar as diferenças de gênero.
As mulheres controlavam seus desejos e se inibiam d quaisquer sinais de índole sexual, a mulher era o objeto de desejo e não um sujeito desejante. Eles impediam que as mulheres pudessem resultar ameaçadoras de qualquer virilidade mal estabelecia.
Os homens tinham que controlar suas emoções, não podiam chorar e muito menos mostrarem-se frágeis dando permanente testemunho de um conjunto de características definindo, assim, a masculinidade. Tinham de ser resistentes a qualquer tipo de dor e sofrimento, corajosos, protetores, seguros e decididos. Os homens, para ascenderem ao mais alto grau estatuário, deviam mostrar disciplina e serem capazes de manter em controle o que sentiam.
Os tempos e as mentalidades mudaram, mesmo que nada se perca, tudo se transforma, e atualmente, deste pudor antigo, temos apenas visões cheias de caricatura, porém, este pudor antigo fez com que chegássemos a um equilíbrio e a uma elegância de ser e estar.


Pudor

O pudor é um assunto controverso, que difere da humildade, da modéstia e da vergonha. A distância do pudor e estes conceitos é mais fácil de ser estabelecida quando se trata de corpo do que quando se trata de sentimento. Alguns o chamam de “vergonha corporal”, em excesso é chamado de “puritanismo”. Condicionado pela cultura, mas também pelo lugar e a ocasião. O impudor quando levado a extremos se converte em exibicionismo. Algumas culturas e religiões expressam o pudor através do uso das roupas, das vestimentas, que lhes cobre todo o corpo com a excesão do rosto e das extremidades (mãos e pés). Em alguns países as expressões de pudor são voluntárias, em outros são forçados sob pena de morte.
O nudismo também pode conter uma versão mais suave, principalmente em esculturas, pinturas ou fotografias. A folha de figueira cobrindo as partes mais intimas aparece em muitas pinturas, uma peça de roupa ou até mesmo os braços e/ou as mãos cobrem as partes geniais. No cinema filmam o individuo da cintura para cima, de costas, e, no caso das mulheres, dos ombros para cima, virando o corpo das personagens ou interpondo objetos ao mesmo, ocultando as partes intimas, para não corem risco de o atentado ao pudor.
Não há um único tipo ou espécie de pudor, há vários ao longo das épocas e até dentro do mesmo tempo histórico, ou seja, a tipologia de pudor é algo extremamente variado:
  • O individual: diz respeito ao que cada indivíduo interioriza, de acordo com o seu caráter, prevalecendo no século XIX;
  • O social: ligado com os limites tolerante em função do lugar e do estrato social, sua expressão ganhou fôlego na França do século XVII;
  • O cristão: ligado a consciência do pecado original;
  • O sagrado: proibiam a entrada de pessoas num templo sem estar purificado, predominantemente na Grécia Antiga, reaparecendo por momentos nos anais da cristandade ocidental, principalmente nos finais do século XVII;
  • O religioso: ergue-se contra a nudez pagã, inscrevendo-se num quadro bem mais vasto que é a luta contra o paganismo;
  • O sexuado: constitui a parte mais constante da herança helenística, o homem nu não choca, a mulher nua é escandalosa, pelo que são raras as estátuas de mulheres nuas, por exemplo.
O sentido do pudor vai evoluindo e adaptando-se. Por exemplo, nos anos 60 se uma mulher fosse a rua de mini-saia, como hoje, seria considerado impudico, pois isso ressaltaria o aspecto sexual, com este caso podemos verificar uma relação entre moda e pudor: a primeira faz evoluir o conceito da segunda.


Impudor

A fronteira entre o individual e o social, quando se trata de pudor, é muito sutil. Socialmente e atualmente, aqui no Brasil, em especial, permite-se o uso de roupas curtas, decotes, transparências. Já em termos individuais, adaptamo-nos ao pudor dos outros. O pudor é um sentimento estruturante, e como um individuo é um ser social, pois está inserido em uma sociedade e precisa se sentir integrado nela, isto é, aceito pelos outros, com isso o individuo tem que encontrar o equilíbrio entre ele e os outros, ou seja, entre o individual e o social, não se focando apenas no próprio bem estar.


Referências Bibliográficas

__________. Já não há pudor? Quando o tema é a vergonha do corpo e dos sentimentos. Kaminhos. Disponível em: . Acesso em: 08 out. 2008.

LEAL, Isabel. Assunto controverso: O Pudor. Kaminhos. Disponível em: . Acesso em: 08 out. 2008.




Um comentário:

  1. Reflexão emocionante aqui, tópicos deste modo emotivam aos que observar neste blogue .....
    Dá mais de este espaço, aos teus seguidores.

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